20100227

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Enquanto subia as escadas, embrulhada no casaco de lã preto com borbotos do uso, respirando de forma ofegante o ar gelado que a noite havia imposto, só me lembrei de falar com ele, de o questionar sobre aquilo que me andava a atormentar. Mas a coragem não vinha, não falávamos á tanto tempo que achei que… Só conseguia imagina-los, a criar amizade ou possivelmente, algo mais e isso é que magoava.
O frio continuava, cada vez mais forte talvez, ou então, era da minha vulnerabilidade e tudo continuava igual. Sentei-me na varanda para que não reparassem em mim, mas aqueles pensamentos maldosos não me largavam. Cada vez chorava mais e o pior é que nem motivos tinha, mas só aquela imagem já me deixava de rastos.
O casaco de lã já de pouco servia, as leggins então nem se fala, sentia o meu corpo como nu ali sozinha, onde já nem a lua estava.

Mas quer tu queiras ou não, ouvir-te já foi bom.


(…)

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